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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Apartheid e preconceitos economico, social e cultural prejudicam venda para a base da pirâmide no Brasil

Mandela, herói da luta contra o Apartheid na África do Sul
Ainda existem empresas de médio e grande porte no mercado brasileiro que insistem nos métodos antiquados de empurrar mercadorias para os consumidores de baixa renda.
Agem assim porque é um estilo que dá certo há 500 anos. A ponto de ser parte integrante do DNA de muitos profissionais de venda, de marketing e de publicidade. Afinal, os pobres brasileiros viveram sempre lá embaixo, nos subterrâneos do mercado consumidor brasileiro.
Onde foram mantidos presos a rendas e salários (quando existiam) suficientes apenas para a sobrevivência. Por isso, consumiam o mínimo necessário para reproduzir suas vidas e de seus filhos.
Quem trocava mercadorias e serviços por seus salários apostava na pressão natural que a inflação predominante e a necessidade combinadas que os obrigavam a aceitar quaisquer produtos, de qualquer qualidade, imediatamente após embolsarem suas rendas. Eram consumidores-reféns de necessidades básicas e inadiáveis como comida, roupa e moradia.
Mas esses milhões de homens e mulheres, atualmente um dos mais vigorosos sustentáculos do mercado consumidor brasileiro, consolidaram culturas, desenvolveram emoções próprias aos seus habitats de exclusão e práticas religiosas que incorporaram às suas linguagem e entendimento ao longo de 500 anos.
Tempo suficiente para cristalizar códigos, comportamentos e emoções que se refletem nos códigos e nas decisões de compra que, hoje, algumas poucas empresas se esforçam para entender.
Porque esses homens e mulheres, jovens e idosos, escaparam dos subterrâneos do mercado consumidor brasileiro e, ao voltarem ao consumo trazem nos seus bolsos, cartões de crédito e acesso ao crédito que lhes permitem um consumo anual estimado em 500 bilhões de dólares.
Porém a exclusão pura e simples de vastos contingentes da população brasileira ao longo de cinco séculos criou também um preconceito institucionalizado entre os “mais iguais”, no controle das campanhas de marketing, publicidade e de venda, e os “feios, sujos e pobres”, que aprenderam, por isso mesmo, a se virar nos cortiços, favelas e aglomerados urbanos.
Na prática se cristalizou o "apartheid social, econômico e cultural" que ao excluir esses consumidores emergentes também reduz as oportunidades de crescimento para as empresas que ainda não vêem os mais pobres como consumidores de seus produtos. 
A ponto de o Data Popular, empresa de pesquisa dedicada ao tema, ter divulgado recentemente que as “marcas de grife têm vergonha de seus clientes mais pobres”.
Apesar de a empresa de pesquisa ter constatado que "a renda dos 25% mais pobres cresceu 44,9% nos últimos dez anos. A dos 25% mais ricos cresceu 12,8% no Brasil.”

Renda de uma população que por ser tradicionalmente excluída, inclusive da capacidade de investir suas eventuais reservas, desenvolveu o hábito de gastar dentro do mês a maior parte do que recebe. (Celso Amâncio, presidente da Agência Consumidor Popular)

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