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quinta-feira, 12 de março de 2015

Como as redes de varejo poderão sobreviver à atual crise?

Celso Amâncio
Em recente análise sobre a pobreza recente da classe média (ou seja, os consumidores populares que chegaram recentemente ao mercado), com o título “Mais pobre, classe média sente retrocesso no perfil de compra”, texto publicado pelo jornal “Valor Econômico” coloca novos desafios aos gestores de redes de varejo. 
Segundo o texto, a mudança de hábitos de compra tem o seguinte perfil: “Depois da troca de marcas mais caras pelas mais baratas e substituição de produtos, há diminuição da frequência de compra de alguns produtos, sem necessariamente substituição por itens equivalentes”. A reportagem se baseou em dados de pesquisas de consultorias como Kantar, Data Popular e Nielsen.
A crise está instalada
Ou seja, a crise está instalada. O ritmo de consumo se reduzirá, com maior espaçamento nas compras. E pela troca de mercadorias mais caras pelas mais “em conta”.
O que fazer numa situação dessas?
Celso Amâncio, presidente da Agência Consumidor Popular, que por 29 anos surfou em diversas crises semelhantes, quando era diretor de crédito na Casas Bahia, tem como mantra: “nas crises, o melhor investimento é voltar ao básico e restabelecer as alianças com os consumidores”.
Como assim?
Voltar ao básico, rapidamente
Segundo Celso Amâncio, com a aparente explosão do poder de compra dos consumidores populares, que na verdade refletiu apenas uma adequação rápida à oferta represada de bens e serviços para uma população carente ao longo de várias décadas, grande parte das redes de varejo e lojistas descuidaram do atendimento dessa nova clientela.
“Ao confiarem na 'financeirização' do fluxo de vendas, não investiram em treinamento porque não consideraram importante estabelecer relacionamentos permanentes com essa população”, diz Celso Amâncio. Agora, na crise, a grande lição que eventualmente poderá ser aprendida é valorizar cada cliente que entra nas suas lojas.
Porque suas necessidades básicas continuarão a existir com ou sem crise, que no  caso atual deve se alastrar por dois anos ou mais. E as lojas ou redes que eventualmente venham a se vincular emocionalmente com parte desses consumidores, terão mais facilidade de sobreviver à atual crise.
Treinar dignidade e respeito
“É o momento adequado de os donos de lojas  lojista e os gerentes de redes descobrirem, quem sabe, que vale à pena treinar seus funcionários para tratar com dignidade e respeito, cada um dos clientes que visitem a loja, independente da raça, do regionalismo e da roupa que veste”.
É dessa aliança que emergirá as novas empresas de varejo no pós-crise, completa o presidente da Agência Consumidor Popular. “Que aprenderão a estabelecer alianças sólidas, como as que criamos na Casas Bahia, sob a batuta de Samuel Klein, e que nos ajudaram a transpor as diversas crises que nos tornaram cada vez mais fortes”, lembra Celso Amâncio.