O
fantasma da inadim-plência ronda lojas, lojistas e grandes redes. Segundo a
Serasa Experian, o número de pessoas inadimplentes chegou a 57 milhões de
brasileiros em 2014. Sendo que 60% dos inadimplentes têm contas mensais a pagar
que custam acima de 100% de sua renda mensal.
A
culpa não é dos consumidores de baixa renda, que chegaram recentemente ao
mercado consumidor. Os especialistas convidados para as entrevistas dizem que
falta educação financeira aos consumidores, especialmente aos mais pobres e
desinformados.
Induzem,
aparentemente sem má fé, os lojistas e gestores de redes que atendem grandes
massas ao erro. Por que? Esses especialistas geralmente têm vínculos
profissionais ou são oriundos de organizações financeiras focadas
exclusivamente na oferta de crédito, sem se preocupar com a realidade dos
clientes que assumirão as prestações.
O
resultado é que transformaram os consumidores das classes C, D e E em vítimas
destes predadores financeiros que não estão nem aí para esse negócio de
educação financeira.
São
profissionais treinados e incentivados a “alcançar metas a qualquer custo”, sem
nenhum constrangimento em “empurrar” o crédito que agora se transforma em
inadimplência.
Na
agressiva oferta de crédito, os lojistas e até mesmo as grandes redes foram
cooptados por grandes instituições financeiras e se tornaram dependentes e os
principais canais de aliciamento de consumidores que ainda têm alguma saúde
financeira e estão, como se diz, com o nome limpo.
Endividando,
em menos de uma década, mais de um quarto da população brasileira (57 milhões),
conforme constatou o Serasa.
Consequência
da cumplicidade entre financeiras e lojistas que induziram, irresponsavelmente,
os consumidores a assumir créditos com juros elevados e embutidos nas famosas “dez prestações sem
juros”.
Os
consumidores, especialmente os de baixa renda, descobriram, intuitivamente, que
foram induzidos a cair nos corredores poloneses do crédito imposto pela aliança
entre as financeiras mais agressivas e as lojas ou redes, suas cúmplices.
Caíram
na armadilha quando consumiram para satisfazer a demanda altamente reprimida e
até atingir os limites insustentáveis de inadimplência. Que incomoda tanto o
lojista quanto o cliente.
Mas
a demanda reprimida está satisfeita. E coincide com a renda familiar superada
pelo montante de dívidas contraídas. O que obriga esses consumidores, por pura
necessidade, a priorizar o pagamento das prestações assumidas.
O
que fazer?
É
hora de humanizar, de novo, o relacionamento entre lojistas e clientes. E resgatar
para a análise de oferta de crédito ferramentas que agilizam o processo mas que
incorporem na decisão final as expertises humanas, com conscientização,
integração e ajuste da oferta de crédito à real capacidade de pagamento das
dívidas assumidas.
O
que levaria a incorporar na decisão final da oferta de crédito o ponto de vista
(e os interesses) do lojista. Ou seja, voltar ao básico de toda e qualquer
venda: se lembrar sempre que estamos tratando com gente. Tanto do lado do
lojista quanto do lado do cliente. E que a harmonia entre os dois interesses,
intermediado pelas financeiras, é que garante os círculos virtuosos de nossa
economia.
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