Há
20 anos não convivemos mais com a inflação galopante. Se você não sabe o que é
a sensação de viver com as variações constantes de preços, decididos por
quaisquer produtores, distribuidores ou intermediários que tinham autoridade
sobre as mercadorias, preste atenção às pessoas vítimas do vício de drogas
pesadas, como o crack, por exemplo.
Reajustar
os preços era uma compulsão semelhante às que acometem os infelizes viciados. E
era de tal envergadura e tão coletivo o vício que ninguém mais discutia se o
preço refletia ou não o valor da mercadoria ou serviço.
Simplesmente
se pagava o que estava marcado nos bens ou serviços, porque não dava tempo de
comparar um preço com o outro. E qualquer demora em decidir poderia ser fatal.
Ou se perdia a mercadoria para um consumidor mais antenado (ou necessitado) ou
seria obrigado a pagar um preço mais alto.
Ai
chega o Plano Real em 1994. Há 20 anos, portanto.
Controlada
a inflação entraram em cena os consumidores populares que antes viviam nos
subterrâneos da economia. Eram homens e mulheres, os mesmos que hoje frequentam
aeroportos, tem um carrinho popular, uma moto e um celular, que começaram a
sair dos cortiços, das periferias e das favelas.
Completamente
destreinados na arte de negociar e de pechinchar. Mas mesmo assim, às
apalpadelas, aprenderam rapidamente a trocar os Reais que sobravam por frango,
laticínios, mortadela e iogurte para seus filhos. Sim, com a inflação sob controle começou a sobrar uns caraminguás,
que mantinham seu valor por um período bastante prolongado.
Aprenderam,
rapidamente, a distribuir a compra ao longo do mês. Já não eram mais reféns de
fornecedores que os obrigavam a gastar todo o salario ou renda no mesmo dia que
entrava nos seus bolsos. Porque, com a inflação à toda, se deixassem para o dia
seguinte, comprariam menos.
E a
melhor experiência de fracionar a compra ao longo do mês é ter a possibilidade
de comparar preço da mesma mercadoria hoje, com a mesma mercadoria depois de
amanhã. Com a moeda estabilizada era possível além de comparar preços, e,
principalmente, de acumular Poder de Compra.
Porque
se muitos consumidores comprassem da mesma loja que adotasse preços mais em
conta, transferiam para aquela loja ou rede a possibilidade de ampliar suas
vendas, gerar mais lucratividade e, quem sabe, continuar a manter os preços mais
em conta.
Por
tentativas e erros e com prejuízos que se transformavam em dívidas e prestações
que sobreviviam e ainda sobrevivem aos bens comprados, os consumidores
populares continuam, 20 anos depois, a ser tratados como egressos dos
subterrâneos da economia.
Os
comerciantes, lojistas, distribuidores e fabricantes ainda os tratam como reféns
que compram por necessidade suas mercadorias. Que compram por pura necessidade e
para levar para casa uma sensação nova e viciante de quem pode combinar a
condição de trabalhador, com a de cidadão e de consumidor.
Para
melhorar a aceitação desse exército de desarrumados, desdentados e de alta
concentração de analfabetismo funcional, os estrategistas do mercado pregaram-lhes
a alcunha de “classe média”.
Mesmo
sabendo que têm, individualmente, pouco dinheiro e estudo rareado. Mas a soma dos
bolsos coletivos interessa. Mas como são feios, sujos e desinformados, chamá-los
de classe média apazigua espíritos e ajuda a se sentirem importantes enquanto
entregam para os lojistas e distribuidores seus reais ainda relativamente
estabilizados.
Mas
esses feios, sujos e vítimas do analfabetismo funcional aprendem rápido. E
estão mudando rapidamente a dinâmica do mercado interno. E o Poder de Compra
que aos poucos acumulam hoje atinge, aproximadamente, 600 bilhões de dólares.
E a
desinformação que era a norma ao longo dos últimos 20 anos fica cada vez mais
para trás. Hoje esses homens e mulheres estão conectados através de seus
smartphones e redes sociais.
E
desenvolveram dialetos próprios, maneiras específicas de comparar e de
confirmar compras, que escapa aos grandes estrategistas ou luminares das
agências de propaganda que os denominaram “classe média”.
Mas
aí são outros quinhentos.
E as
empresas que sobreviverem ao tsunami que surgirá com o pleno exercício do Poder
de Compra, talvez invistam para traduzir suas estratégias de venda para um novo
mercado pujante e poderoso. E que,
pasmem, fala português e que somam 40 milhões de corações e mentes, que decidem
silenciosamente qual empresa, produto ou mercadoria sobreviverá no nosso
mercado interno. E o melhor, são esses homens e mulheres que realimentarão a
renovação do mercado, aqui mesmo no Brasil. Bem pertinho da gente.
A Agência Consumidor Popular ajuda seus clientes
a entrar em sintonia com essas 40 milhões de mentes e corações, que controlam
bolsos brasileirinhos da silva pelos quais passarão mais de 600 bilhões de
dólares, por ano. Homens, mulheres, jovens e idosos cada vez mais consciente de
seu poder de compra.
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